Kress e Van Leeuwen & Lin-Fei e Tam: teorias de leitura de imagens
Análise multimodal é uma área de desenvolvimento relativamente recente dentro da Linguística. O Grupo Nova Londres publicou em 1996 o manifesto dos multiletramentos, documento amplamente divulgado e aplaudido pelo mais diversos setores não apenas da Linguística mas também da Educação como um todo. No mesmo ano, 1996, Kress e Van Leeuwen lançam a Gramática do Design Visual, considerada a bíblia da análise multimodal. Eles começaram analisando imagens estáticas, mas a necessidade de uma nova era tecnológica já nos exige uma análise da imagem em movimento.
Durante os desenvolvimentos da análise multimodal, o Letramento Visual ganhou força. Letramento Visual está aqui sendo tratado conforme interpreta Silvino (2014, p. 168) por um "individuo deve ser capaz de perceber, organizar, construir sentido e expressar o que foi compreendido em um texto formado por vários aspectos modais". Este conceito abrange vários aspectos de letramento que vão além do tradicional "ler" uma imagem, pois ele demonstra a complexidade de ter um alto nível de letramento visual indo muito além de decodificar formas e composições como se possa apressadamente pensar.
Os já mencionados autores da Gramática do Design Visual estabeleceram metafunções para análise do texto multimodal. Essas metafunções, foram visualmente resumidas por Santos e Pimenta (2014, p. 15):
Continuando a comparação, Forma e Composicional, podemos ver em contraste Audiência e Interacional. Lin-Fei e Tan, mais uma vez, enumeram mais elementos que afetam a audiência. Nesse processo, os autores falam estratégias multimodais e seus efeitos mais comuns (p. 16.), sendo eles a distância, o poder, o olhar e a saliência. Podemos dizer que conta e poder são semelhantes ao conceito de contato de Kress e Van Leeuwen.
Por último, a mensagem, segundo autores, é focada na representação literal ou inferencial além da natureza persuasiva (p. 16). A análise de Lin-Fei e Tan se dá não somente no que está impresso, mas também na retórica, como proposto por Aristóteles, composta por Ethos, Pathos e Logos. Além da retórica, ainda incluem o interesse do texto e também como isso está representado, literal ou inferencialmente.
É importante ainda lembrar que Lin-Fei e Tan no seu mesmo trabalho de 2017 afirmam que é crucial para o letramento visual a integração entre os vários modos semióticos e essa divisão entre Forma, Audiência e Mensagem que eles mesmo propoem. Apenas juntos e integrados é possível atingir uma análise de letramento visual coerente à proposta de Lin-Fei e Tan.
Santos, Z; Pimenta, S. CASA: Cadernos de Semiótica Aplicada, v.12, n.2, 2014, p. 295-324. UFMG.
Silvino, F. Letramento Visual. Texto Livre: Linguagem e Tecnologia, vol. 7, núm. 1, 2014, p. 167-170. UFMG.
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